(O ônibus não estava ali atoa)
Chegamos na praça onde marcaram o encontro e tinham poucas pessoas esperando, sentamos na grama e ficamos esperando alguma movimentação de alguém responsável chegar...mas não chegou.
Do outro lado da rua, um ônibus laranja, bem antigo, cheguei a brincar que aquele devia ser o transfer, não deu outra.
Um argentino se movimentou para que pudêssemos ir embora para festa, ele ligou para a produção e descobrimos que ninguém viria nos buscar. Então ele convenceu o motorista de nos levar, mesmo sem saber o caminho. Paramos em uma locutório (um misto de lan house com venda da esquina) para ele imprimir o mapa.
Eramos poucos na nave espacial, umas 15 pessoas no máximo, a maioria casais.
Pegamos um pouco de trânsito na estrada, não iria ser longe, no máximo 60 km da cidade.
O mesmo rapaz que antes agilizou tudo, também nos ofereceu algumas balas mágicas e parecia entender bem do assunto.
(Dentro da nave na auto estrada para o festival)
Eu fui apenas apreciando a noite caindo em Buenos Aires, ouvindo New Model Army como sempre, para evitar um ataque de pânico no ônibus tomei logo dois rivotril e fui tranquila.
Nos perdemos somente na entrada para a estrada de terra, ficamos um tempo parados sem saber para onde ir, o motorista querendo desistir, mas lá ao fundo era possível ver as luzes da festa.
Chegamos ao nosso destino, todos ansiosos para descer do ônibus e entrar no local, onde na portaria tinham três seguranças que nos fizeram somente a seguinte pergunta: " Trouxeram repelente? Se não, cuidado para não ser carregados pelos mosquitos! ".
E eles estavam certos.
(Os brasileiros perdidos na rave perdida da Argentina)
Já era noite, usamos lanternas para chegar até um lugar onde dava para montar uma barraca de camping, escolhemos uma árvore e a Nanda com a ajuda dos meninos armou rapidamente a nossa barraca, onde colocamos nossas mochilas, coloquei meu saco de dormir e um cadeado com senha.
Fui comprar uma cerveja e para a minha surpresa era necessário comprar um copo de plástico mais resistente que o normal, porém enorme que custava $ 2 pesos e toda vez que fosse comprar cerveja teria que leva-lo ou iria ter que comprar outro.
A cerveja de 916 ml era colocada inteira nesse copo.
Custo da cerveja $ 30 pesos a mais barata.
Bom, como estava frio, achei válido e na verdade não tinha outro jeito, já que não bebo outra coisa.
(A volta do bar com o meu super copo)
Ok, cerveja na mão, hora de ir para pista.
Não estava muito cheio, era tranquilo andar pela pista, o palco e a projeção a noite tinha um ar simples, porém bem psicodélico.
Câmera na mão, hora de tirar fotos, o Ninad do Yagé estava tocando, ele me reconheceu quando me aproximei do palco para fotografa-lo.
(Ninad dando um sorriso de reconhecimento e surpreso por me ver lá na sua terra)
Eramos quatros brasileiros, felizes e contentes, pulando e sorrindo: Marcelo, Nanda, eu e mais um menino muito gente boa o qual não me recordo o nome agora.
Logo eramos um grupo misturado de argentinos, chilenos e brasileiros.
A energia era mágica, todos conectados, apenas sorrisos e abraços, com muita vontade de dançar e aproveitar cada segundo daquele lugar.
(Pista vibrando junto, coisa linda de se ver)
Algumas das atrações eram DJs brasileiros, ficamos felizes por ver eles tocando.
Encontrei o Gustavo, o qual tive alguns papos via facebook para acompanhar a ideia do Festival, sem querer ele estava do meu lado na pista e foi engraçado, ele tocou no inicio da manhã.
(Já no abraço com o Ninad e mais brasileiros)
Só teve um momento que me recolhi na barraca para descansar e sai para ver o amanhecer, que foi espetacular, deu para ter uma noção do local, um haras, todo verde e bem aberto, ficou bem frio de manhã.
Algumas empanadas geladas e uma coca-cola para começar o dia, papos na porta da barraca, deixamos tudo pronto para aproveitar até o ônibus sair a caminho de Buenos Aires novamente o que não tínhamos ideia de quando seria exatamente.
A alegria e energia dos jovens argentinos, que estavam ali com tanto amor ao seus amigos, sendo simpáticos e hospitaleiros conosco, foi gratificante.
E o fato de ter poucas pessoas ajudou a absorver melhor essa energia.
Eles se preocuparam com o coletivo, mesmo com o seu jeito egoísta.
Os que ficaram com a gente, sempre curiosos querendo saber sobre o Brasil, ajudando a cuidar das nossas coisas, da nossa segurança, para que ninguém fosse ferido recolhiam o lixo e avisavam sobre alguma pedra no caminho.
Ofereciam água e diziam que mesmo com frio era preciso se hidratar.
Os abraços coletivos, as danças conjuntas, tudo muito leve e bonito.
Voltei com aquela sensação de querer mais, o evento continuou até a noite, mas eu tinha voo no dia seguinte. E foi uma pena que não fui para todos os dias. Mas o que vivi lá, valeu apena...
(Amanhecer no festival visto da barraca)
(Palco com a projeção)
(Anjo da grama, menina largada curtindo seu momento)
(completamente identificada)