Vivendo intensamente...

Diário de bordo do mundo da Fernanda Micky.

domingo, 25 de agosto de 2013

Valdívia - Chile 2013

De forma praticamente inesperada fui parar em uma pequena cidade no sul do Chile chamada Valdívia.
Pra começar a viagem, muitos peregrinos voltando para Argentina após ver o Papa no Rio de Janeiro, um ótimo voo com a TAM, avião e serviço excelente, mas chegando em Buenos Aires, descobri que o ônibus para o Aeroparque onde eu teria que fazer a minha conexão para Bariloche estava misteriosamente cancelado. Peguei um táxi que custo $260 pesos argentinos + 30 reais que ele me roubou porque na verdade ele me cobrou $290 para ir mais rápido (mais tarde volto a comentar sobre os táxis na Argentina). Muito trânsito na rodovia principal, quase perdi o meu voo, cheguei na última chamada para embarcar.
Voo com a Lan Chile, sinceramente pensei que fosse melhor, se compara fácil com uma GOL da vida.
Chegando em Bariloche, não há táxis para todos, minha ideia era pegar o ônibus para a cidade, infelizmente ele só passaria às 22:00 e eu já exausta fiquei meia hora entre um cigarro e muito frio pensando no que iria fazer, junto com mais um casal de brasileiros que conheci ainda em Buenos Aires.
No final resolvemos pagar um Remis, já que eramos os últimos no aeroporto, $150, eles me deixaram no centro e tive que subir as ruas de Bariloche atrás de uma casa de câmbio, mas principalmente de um lugar para ficar, internet para avisar a famílias e amigos que estava tudo bem.
Como já estive lá antes, fui direto ao centro de informação ao Turista que fica no centro para pegar algumas dicas de hostels, acabo ficando em um ali mesmo, chamado Backpackers Bariloche, $90 com café da manhã. Não recomendo, velho, pequeno, sujo, uma porcaria. Mas como eu já estava bem cansada e ainda precisava trocar dinheiro, acabei ficando lá só por uma noite, no dia seguinte eu teria que pegar o ônibus para Valdívia.
Consegui trocar o dinheiro em uma loja R$ 1,00 por $ 3 pesos. Jantei e fui dormir.
No dia seguinte, não peguei o café da manhã, preferi dormir o máximo que poderia, fui a casa de câmbio trocar o dinheiro por alguns pesos Chilenos, não fazia ideia de quanto iria precisar, então troquei apenas R$ 50 reais, acho que deu $ 10.500 pesos chilenos.
O Remis até ao Terminal: $25 pesos, o ônibus Andersmar leito: $ 220.
Lanche na rodoviária $37 pesos.
O ônibus saiu pontualmente as 13:15, o dia estava bom até começar a subir o Andes, começou a chover e a nevar bastante. Almoço foi servido ainda em terras argentinas, paramos duas vezes, uma na Aduanda da Argentina para carimbar a saída do país e mais tarde na do Chile, que foi um caso a parte...
Na aduanda do Chile, precisamos descer TUDO, não podia deixar nem o casaco no ônibus, após pegar o carimbo de entrada, nossas malas passaram por uma minuciosa revista, com cães passando mais de 10 vezes em nossas bolsas pessoais que era colocada em um lado e as malas lá fora.
Uma senhora esqueceu de pegar a bolsa e foi ao banheiro, perguntaram 3 vezes, como ninguém contestou, arrebentaram o cadeado da mala e revistaram, então ela apareceu e ficou bem chateada.
Apesar disso, eles eram bem tranquilos, aproveitei para trocar $50 pesos Argentinos por pesos chilenos, só para garantir mais alguns trocados.
A viagem seguiu tranquilamente e chegamos no horário a Osorno, onde tive que trocar de ônibus. Na precária rodoviária da cidade, percebi o quanto eu teria dificuldade para me comunicar com os chilenos, eles não me entendiam e nem eu a ele. O ônibus para Valdívia custou $3.500 pesos chilenos, quase R$20 reais. Qualidade do ônibus deixou a desejar, foram 2 horas desconfortáveis de viagem até finalmente chegar em Valdívia às 19h30, hora local, eles tem 1 hora a menos.
Tentei usar o telefone público com algumas moedas que eu tinha, mas o telefone comeu todas as elas, desisti e sem saber como fazer sozinha, com o endereço do meu amigo Tobi, pedi um Táxi. Tive sorte e peguei um bom Taxista que foi conversando comigo (ou tentando).
Ele dizia o quanto queria vir ao Brasil para a Copa, ele o condomínio  queria até pular o muro, disse que não ia me deixar sozinha, perguntou se eu tinha o telefone do meu amigo para ligar, até então vimos que tinha errado o número. Entregue, o táxi saiu por $1200 pesos chilenos, mas paguei $1500 pela ajuda.

Finalmente na casa do Tobi após mais um dia longo de viagem, pude tomar um bom banho, matar saudade do meu amigo, comer e dormir.

Nos primeiros dias não consegui sair de casa devido ao tempo muito frio e chuvoso de Valdívia. Caia algumas tempestades inesperadas.
Mas quando o tempo melhorou consegui sair para fotografar um pouco. A cidade em si, não tem muitos atrativos turísticos, mas sua estrutura é bem bonita, uma mistura de clássico com moderno, seus leões marinhos, seus amantes, pequenos ônibus soltando fumaça, povo fechado, jovens por todos os lados.

O cartão postal é o Rio Calle Calle com seu mercado de peixe, que infelizmente não tive a chance de vê-lo a todo vapor, no final do dia ele é todo lavado e se não fosse por alguns gaviões procurando algum resto e um cheiro de peixe, não pensaria que ali funciona uma feira. Claro que não é parâmetro com as feiras do Brasil, mas a limpeza daria inveja a qualquer morador do Rio de Janeiro.



Me disseram que Valdívia é uma cidade bem segura, que uma mulher pode andar sozinha nas ruas às 3:00 da manhã que nada aconteceria, porém seus jovens estão tão perdidos como em qualquer lugar da América do Sul, altos índices de gravidez na adolescência, abuso de drogas e sim, o crack chegou lá também. Disseram que na parte Norte é bem perigoso, há roubos e é preciso saber andar nas ruas.


Em um sábado fomos a Niebla, uma praia bem perto de Valdívia, apenas 20 minutos de ônibus, estava um dia bem chuvoso, entramos em um lugar onde se encontra algumas barracas que se pode comprar empanadas de mariscos e os espetos de churrasco.

Mesmo com o dia cinzento e chuvoso, a praia tinha um ar único, uma beleza gótica com suas areias negras, sua neblina e seus avisos de tsunami.
Algumas pessoas se aventuravam por lá, acostumados com o seu tempo inconstante e o frio.

O tempo ao menos foi favorável para tirar fotos em Preto e Branco. Seu tempo cinzento e com luz, ao mesmo tempo que dava um ar romântico aqueles que estavam "enamorados", dava um toque a solidão dos corações confusos e partidos que por suas negras areias deixavam pegadas, um olhar distante, ao alcance de onde a forte neblina deixava ir.




Por entre suas ruas e vielas, o clima continuava, acompanhando pelo silêncio quebrado pelos pássaros que parecem ser os únicos que se divertem em baixo de chuva e vento frio.

Os cães que para mim não são invisíveis, me deram mais um ânimo e completou o conjunto de ideias.
Eles são chamados assim por alguns fotógrafos por serem ignorados pela sociedade, mas parece que todos querem ser meus amigos e aproveito suas companhias.

O ônibus para Niebla funciona com uma rotatividade boa, porém aos finais de semana o tempo de espera pode ser um pouco maior. $500 pesos chilenos até o centro de Valdívia. Com o tempo bom, se tem uma boa vista dos Lagos.

Fomos ao Mall para comer alguma coisa, Tobi, Cris e eu. Provei um doce tradicional alemão que por sinal é ótimo, no final de semana é bem cheio, mas o serviço não chega ser tão ruim.
O preço nos supermercados achei bem mais alto que no Brasil, o preço da carne é muito alto, mas os vinhos de fato seriam mais baratos com uma longa sessão para sua escolha.
Provamos alguns, nosso favorito foi o Ovelha Negra, produção do chilena.

Como uma boa cervejeira, não podia deixar de conhecer o Kurtsmann, uma cervejaria que é alemã, mas a produção é feita no chile. Pedindo o menu degustação, vem todos os tipos de cerveja da casa.

Eu prefiro sempre as artesanais escuras e não sou muito fã das que levam um toque de sabor doce, mas a cerveja de amora foi boa para finalizar.
A casa serve pratos tradicionais chilenos e alemães, como meu amigo Tobi é alemão, pedi a ele que me ajudasse, provei uma carne de porco, com batata BEM apimentada e chucrute. Delicioso, mas um prato pode servir bem duas pessoas.
O local é bem aconchegante, tem um museu, qual não visitei, mas os preços não fogem muito da realidade, porém é um pouco caro pra quem se aventura com um mochilão.

Táxis cobram um valor a parte para esse lado da província. O que eu nunca vou entender,  são só 10 minutos.


No último dia da minha viagem, voltei em Niebla e o tempo estava lindo, com um sol que fazia o mar brilhar. Sentei e fiquei lá ouvindo o barulho das ondas, consegui ficar sem casaco enquanto o vento permitiu.

Não tinha mais aquele clima gótico da última vez, parecia um outro lugar.
Na volta para Valdívia tomei um café na parte baixa do Museu e estava tocando Gilberto Gil, uma boa seleção de músicas.
Consegui ver os leões marinhos do outro lado do Rio, tinham vários, uma cena apreciada em um lindo pôr do sol que foi acompanhado de um frio incrível. A noite fomos encontrar Denis e Vanessa para experimentar as coisas tipicas do Chile. A bebida se chama TERREMOTO, uma mistura que leva vinho branco, uma bebida tradicional da Argentina (?) e sorvete de abacaxi. Bom, pra mim no inicio parecia com uma cerveja que perdeu o gás e esquentou, o sorvete deixa um sabor ainda mais difícil de dizer se é muito ruim ou você não sabe o que dizer.  
Pedi depois uma cerveja da casa para fechar a noite, chopp 1960, maravilhoso o sabor forte no final lembrava um pouco café.















Detalhes a parte:

Em Valdívia tem o que eles chamam de coletivo, um táxi que leva outras pessoas com você, usando um preço fixo.
A cidade tem uma cultura de grafite de rua incrível, não vi nenhum que não tivesse um bom gosto.
Existem vários passeios pelo Rio Calle Calle, porém achei caro. $10.000 pesos chilenos com almoço em uma das ilhas. Mas os atrativos em si não são tão atraentes assim.
O ônibus custam $ 400 pesos chilenos, algo em torno de R$ 1,80. Você paga diretamente ao motorista ou a um trocador que vem depois pegar o dinheiro e tem até música dentro do ônibus, mas estão em situação precária os microbus.
A rodoviária não tem sistema de aquecimento. No dia em que peguei o ônibus para Bariloche a temperatura estava em todo de 1 grau dentro do precário porém jeitosinho Terminal.
Os ônibus chilenos não são tão bons como os da Argentina.
O "espanhol" deles é praticamente um dialeto próprio, muito difícil de entender e alguns falam alemão antigo.
Os bancos fecham antes das 16h.
Você pode atravessar despreocupado na faixa, pedestres tem a absoluta preferência.
Morar em Valdívia pode ser tão caro como barato, depende do seu bolso.
O salário minimo no Chile foi aprovado em $250.000 pesos chilenos e nessa parte do sul parece não ter crise.
Você pode beber água da torneira sem problemas, eu provei !
Me disseram que o Jardim Botânico que fica na universidade é bem bonito.
O tal do Reggaeton é a sensação do momento nos clubs (por favor, não me chamem pra isso).
Há um club (que toca todos os ritmos incluindo o tal reggaeton) e um cassino no Hotel principal da cidade, que por sinal é bem estiloso, é praticamente um dos pontos turísticos da cidade.

Bom, no fim, Valdívia não é a cidade que eu escolheria para viver uma vida inteira, talvez para se aposentar, mas me deixara saudosa por sua tranquilidade.


Muito obrigada ao meu grande amigo Tobi por ter feito essa viagem acontecer, me receber em seu lindo apartamento e por todas as conversas que tivemos. Espero que daqui pra frente depois de tudo que foi conversado, sua vida seja de paz.



Mais fotos da viagem: 
https://www.facebook.com/fernandamickyphotography

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