Vivendo intensamente...

Diário de bordo do mundo da Fernanda Micky.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Universo Paralello#11 Festival - Bahia - 2011/2012 -



Welcome to Universo Paralello Festival !!




Sim, em inglês, a segunda língua mais falada no festival e a que mais usei nessa minha terceira aventura no festival.
Depois vinha a nossa exclusiva língua nativa com tantos sotaques e gírias.

Meus passos saindo do Rio de Janeiro até o festival localizado no sul da Bahia, em uma praia chamada Pratigi, foram:

Um táxi de casa até o Aeroporto às 5h00 da manhã de quarta-feira dia 28 de Dezembro de 2011.
Encontro com o grupo da qual eu fui guia, 11 cariocas.
Viagem atrasada em 40 minutos, duração do voo 1 hora 20 minutos.
Aeroporto de Salvador, motorista já nos aguardado.
Mas ainda faltavam 6 russos e mais 4 brasileiros.
Depois de 1 hora de atraso saímos finalmente em direção a Pratigi, que fica perto de Ituberá.
O nosso motorista conhecido como Careca, um figuraça de sorriso largo e cheio de histórias, me fez rir e me sentir tranquila a viagem que teve duração total de 5 horas com duas parada no caminho para a galera beber e comer, fumar um cigarro e esticar as canelas.
Sim, é um tanto longe de Salvador, seguimos em direção as desertas praias do Sul da Bahia.

Chegamos no final da tarde, sem problemas na entrada do festival que normalmente é algo mais demorado e com filas para quem chega nos primeiros dias.
A fila é por conta da quantidade de pessoas e excesso de coisas que muita gente leva, a nossa revista foi bem tranquila e logo demos nossos primeiros passos no que seria o paraíso psicodélico nos próximos dias.
Malas para carregar, levei bastante coisa, e sem disposição fiquei logo no início do Camping com alguns meninos do Rio.
Eles me ajudaram a armar a barraca, já que eu não tinha noção de como faria isso sem forças e com uma barraca octogonal que nunca era armada por mim nas minhas trips .
Barraca pronta, um banho e fui pra pista.
Abertura do Main Floor.
O chão tremia.


(Tristan abrindo a pista principal) 


(Curtindo de perto a abertura do palco e clicada pelo Rodrigo Fávera)


Após uma noite de muito frio, acordo cedo, tomo um banho e como um pão natural maravilhoso, porém caro em uma das diversas barracas de comidas do Festival, mas valia a pena.
Um amigo ia tocar no 303 dance floor, a pista que ficava na praia e Eu tinha marcado de encontrar com um o norte americano que conheci pela internet por causa dos tranfers para o festival  que estava fazendo e vendendo junto com o Fábio e anunciei em um site gringo. Ele foi um dia antes no ônibus que o Fábio levou do aeroporto de Salvador para o Festival.
Estava curiosa para conhece-lo depois dos papos que tivemos online dias antes do festival.
Por ser sua primeira vez no Brasil, passei os últimos dias antes de sua viagem dando várias dicas do que trazer e coisas para fazer,  um empolgava o outro e bem animados imaginávamos como seria o festival, ele parecia ser uma pessoa super bacana.
Como o festival é ENORME, combinamos as roupas que usaríamos para nos reconhecer, o dia, o DJ e a pista na qual iriamos nos encontrar.
Ele me encontrou na pista na hora e local marcado, apontou para a camisa  que tinha me mandado uma foto dizendo que usaria, me abraçou, riu e não nos desgrudamos.
 (Foto do encontro com o Mike)
Conversamos muito, dançamos, rimos, comemos, bebemos, gritamos, festejamos, no meu primeiro dia de festival, ele já estava virado porque chegou uma noite antes.

Todos os conhecidos e amigos do Rio estavam acampados com ele, então encontrei todo mundo que conhecia do Rio e assim estava formada a panelinha de amigos do Rio, os que sentavam sempre lá no fundão, tomava conta um do outro, e sempre tinha uma história nova pra contar.
(Encontro na pista com alguns amigos do Rio que estavam acampando com o Mike)

(Com o Fábio (Camisa azul), meu chefe pela Trip2 e nossos clientes estrangeiros. 
A Valentina é da Ucrânia, mas como o Mike veio do Estados Unidos e viajou com a gente do aeroporto para o Festival, acabou vindo para o Rio depois.)



Na pista principal muito prog de dia e muito dark a noite, como mandava o figurino.
No chillout muita música boa, mas não consegui ver e dançar nas horas que estavam tocando um som mais ao meu estilo.
Conseguia escutar da minha barraca todas as músicas que eu gostava tocando, mas fiquei curtindo de lá mesmo.
Era bem distante o caminho, não daria tempo de chegar lá, e eu também não queria perder uma noite de sono, já que dia era impossível dormir por causa do calor.
(Acabei trocando várias ideia com um humano atrás do palco na noite de abertura depois que ele me alertou e me puxou debaixo de um cara que subiu na estrutura e poderia acabar caindo na minha cabeça.
No dia seguinte volto para fotografar e ele está lá de novo, batemos um papo novo, pergunto seu nome, nos apresentamos. Pergunto se ele foi curtir ou trabalhar e ele diz que trabalhar, e então sobe no palco e descubro que estava conversando com uma lenda do Psytrance. hahahaha) 


(Juno Reactor dominando a pista numa tarde de sol da Bahia)



Um dia tive que tirar o colchão da barraca e colocar do lado de fora em uma sombra improvisada no meio da tarde, o corpo estava exausto, mas o calor não deixava ninguém dormir.
A não ser os privilegiados nas sombras bem disputadas, como essa que consegui ao lado da minha barraca.
Mike e eu dormimos 12 horas direto, acordamos por volta das 4 da madruga e nos encontramos no caminho em busca de algo para comer.
Ele era fã do Dark, então correu para a pista depois do lanche e eu voltei para a barraca para dormir antes do sol chegar com o pé na porta.
Para a minha sorte pela manhã caiu uma chuva forte para refrescar as almas mais calorosas, era possível ouvir os gritos de alegria de quem estava na pista sentindo aquele refresco raro no verão baiano logo no raiar do dia.

No dia 31 o povo estava no corre para se preparar para o réveillon, eu nem entrei na fila para tomar banho, comprei duas garrafas de 1,5L de água fora do festival e tomei meu banho das deusas, vesti um vestido simples e fui para pista encontrar o novo amigo.
Parece que todo mundo vai para pista principal, então fica LOTADA. Sorte que a gente já tinha um radar e se achava nos lugares combinados.
(Selfie na Barraca pra ver a cara antes de ir pra pista para e ouvindo um NMA para distrair)


 
(Rafa e Duca, cariocas e vizinhos de Barraca antes da virada)

Mike me acompanhou nessa aventura que é o ano novo do Universo Paralello após cada um , todos se arrumam cedo, tentam de alguma forma gelar uma bebida gaseficada, fazem seus rituais, esperam o som começar novamente depois do break.
(Encontro com o Mike para noite de Ano novo)


Durante a contagem regressiva a gente não sabe mais se já deu a hora, alguns celulares ou relógios estão com o fuso horário diferente, esperamos o palco começar. Estamos todos ansiosos pela virada, ao lado muitas pessoas com o tradicional branco outros relaxaram e estão sem camisa ou de biquíni, mas parece que a maioria tomou seu primeiro banho do festival.
Peguei no Bar duas cervejas para esperar a contagem regressiva.
Mike espera o minuto certo para colocar um doce na boca e diz que vai dividir comigo mesmo sabendo que eu não tomo mais nada além do cerveja que tento manter gelada...

10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1....FELIZ ANO NOVO !!!!!
FELIZ 2012 !!!!
E alguns fogos piscam no céu atrás do palco nada especial, todos gritam e pulam, se abraçam.
Meu novo amigo me abraça e me joga de lado como na cena de um filme e me tasca um doce beijo lisérgico e psicodélico, me deixando surpresa e agora sabendo como ele iria dividir comigo aquele doce.
Muitos sorrisos, muitos abraços, saudações, muita alegria, muitos desejos e promessas para um novo ano que acabou de dar seus primeiros passos na pista principal do Universo Paralello.
(Pista nas primeiras tracks tocadas em 2012)


Todos parecem estar dominados por aquela energia que contagia o mais rabugento raver no meio da multidão. Vou caminhado em direção ao pouco, parece que muitos correram para a praia para tomar seu primeiro banho de mar, pular suas setes ondinhas e fazer desejos para iemanjá. Afinal estamos na Bahia e é o lugar !
Estou com a minha câmera porque reza uma lenda que na noite de ano novo é a favorita dos gatunos que rasgam e furtam barracas no meio da virada. Já que a maior parte do público se não dizer todos estamos na pista ou na praia para comemorar. Existe um guarda volume que nesse dia ficou lotado e caro demais e eu preferi guardar comigo na esperança de manter o único bem que eu considerava importante naquela barraca que estava longe da pista.
Encontro a galera da África do sul que conheci em um desses momentos em que parece que para cada olhar dado um amigo é feito.

(Uns loucos Sul africanos que conheci na pista.)


Pra mim foi o melhor ano novo da minha vida.
O primeiro sozinha, sem velhos amigos ou um grupo de conhecidos com o qual eu precisaria ficar junto e seguindo regras de convivência e sem nenhuma preocupação com qualquer outra coisa ou pessoa que não fosse euzinha.
Eu estava em puro êxtase, nunca tinha sentido algo tão bom e completo dentro de mim.
Dancei como se fosse o primeiro e o último dia na Terra.
Batia meus pés descalços no chão com tanta força que sentia o chão vibrar.
E cada vez que eu dançava, mais e mais me sacudia como se estivesse tirando de mim todas as coisas ruins, fechava os olhos e me sentia completa.
Toda aquela alegria coletiva dava para sentir na pele, eu agradecia ao universo pela a oportunidade de viver aquele dia, aquela hora, aquela experiência.
Ah, como eu estava leve, conseguia ver e sentir o meu sorriso, coisa rara.

(Mike e eu após a virada do Ano novo) 

Fui dormir às 4h da manhã pensando em descansar depois de tanto dançar freneticamente e com a cabeça ainda meio psicodélica daquele beijo lisérgico e do que mais veio depois.
Acordei com o calor poucas horas depois e fiquei um tempo na minha barraca olhando para o céu que amanheceu cinzento, pensando em todas as coisas que eu gostaria de mudar e levar pra frente nesse  novo ano que entrava.
Foi um bom momento.
Mais tarde eu encontrei o povo na pista, nenhum deles dormiu e parecia que tinha bando de zumbis que precisavam apenas de um banho e 1 hora de descanso para voltar a bater ponto na pista, mas conseguiram levar até a noite.
Crazy People!

(Pablo Arruti no seu primeiro UP ficou conhecido como o cara mais alegre do Festival e fez muita gente sorrir.
Mais tarde ele viria ser o cara por trás do ZIM, um pó colorido igual dos festivais da Índia que está bem popular no Brasil.)

(Pista da praia quase sem sombras espantou muita gente, eles consertaram deslize nos anos seguintes.)



(Encontro com os meus amigos Cris (São Paulo) e Yanna (Alemanha) que foram conhecer o festival de tanto que falei e voltaram na edição seguinte.)


Eu conheci doces e diferentes pessoas, um francês e um alemão, os quais no primeiro dia do ano, troquei boas ideias e foram a minha inspiração para fotografar naquele dia.
Não  sei porque eu conheci e conversei com estrangeiros nesse UP, mas era uma boa oportunidade de treinar meu inglês ainda caminhando para algum nível avançado.
(O performático francês John que conheci na pista.)

Era um bom caminho até a praia, nada exagerado, porém distante...
No meio do caminho se via os hippies com a sua arte, algumas lojinhas, um cinema e saia de frente ao chillout, longe era um pouco mais a pista goa onde tocava o melhor som na minha opinião, fora de ter o privilégio de estar de frente para o mar. Mas é impossível ficar lá sem sombras, o calor durante o dia é um desafio aos mais aventureiros. A água do mar não refresca tanto porque tem uma temperatura morna e é quase um suicídio de  não se proteger do sol.
Eu entrei naquele mar com a água morna e nadei, peguei onda, me sentia tão livre.
Eu andava distâncias longas e não me importava de fazer quantas vezes fosse necessário o caminho, porque valeria a pena .
(Praia em frente ao Palco Goa)



Pra tomar banho era um sacrifício, mas quem se importa?
E chegou uma hora em que tomei banho nua na frente de desconhecidos, homens e mulheres, quem se importa???

Banheiros sempre limpos e bem monitorados, e eu esquecia de fazer xixi...Eu fazia só uma vez por dia, quando pensei nisso, comecei a ficar preocupada em ter algum problema, mas você abstrai todas essas coisas no minuto seguinte.

Comi pizza feita por italianos, que pizza!!! mmmmmmmmmmmm

A cerveja nem sempre estava gelada, mas quando estava, era um oásis na boca.
Caro, 5 reais o refri ou a cerveja, acho que a mesma coisa com o suco.

No último dia, depois de 7 dias no festival, eu já queria ir embora, mas a pista e os amigos me seguraram. Dancei, sorri, me molhei inteira, e fiquei com o coração apertado na hora de me despedir e ir embora.
(Uns dos 6 russos que levei na minha excursão do aeroporto para o Festival no último dia de festival. O Mikael (camisa azul) foi o responsável por comprar a passagem de todos e Valery (de chapéu) o responsável por me achar no aeroporto porque eles ficaram atrasados no trânsito de Salvador. Pegou um mototaxi e foi correndo para me alcançar, era o que tinha o inglês mais fluente então deram a missão dele achar e achou já que eu estava com a camisa da Trip2 e crachá.
Quase não conseguia respirar de tanto que correu, depois de alguns segundos segurando meu crachá conseguiu falar.)


(Fotografada na pista fotografando) 

Por favor, mais 7 dias de festival !!!!

Entramos em um Universo Paralello onde nada é errado e o que vale é aproveitar cada segundo da experiência.

Sorrisos vem fácil e deixam marcas em forma de boas lembranças.

Queria que esse momento fosse eterno em nossas memórias.

Pessoas especiais não caem do céu, elas aparecem no momento e na hora certa.

No universo paralello criamos amizades, tão paralelas, muitas vezes senti como conhecia aquela pessoa a vida inteira.
E quando me dava conta, estava dividindo tudo, até mesmo o dinheiro e você pensa e fala: Sem problema, você e eu somos a mesma coisa.
Você confiar sem questionar sobre isso, libertador esse sentimento.

Você cria amigos de infância, por 1 semana e vive e volta com tantas boas lembranças, querendo que fosse eterno.
Mas nada é pra sempre...infelizmente.

Definitivamente só se vive essas experiências se estiver aberto para o mundo, e com sorte sozinho, sem ter que administrar o que outra pessoa pensa ou deseja no momento em que quer fazer algo.
Mas quando a química humana bate, é tão natural que não há com o que se preocupar, só deixar fluir.
Estar sozinho eu digo no fato de não ter a quem dizer cada passo a ser tomado, como ir no banheiro ou ir pegar uma bebida, a hora de voltar para a barraca.
Eu via muitos grupos de amigos que não se desgrudavam nem na hora de comer, todos tinham que estar juntos o tempo todo. E quando um desgarrava o resto do grupo o excluía de uma forma gelada como no colégio.
Isso me dava uma certa antipatia por não sentir a liberdade de que somos um.
Cada um é um ser individuo e não um grupo de manhas com correntes físicas e sentimentais.
Desde que comecei a ir para a música eletrônica e chegar no mundo psytrance foi assim, gostava de flutuar pela pista, dançar sem falar com ninguém, apenas sorrir e de repente conhecer alguém que a afinidade falasse mais alto que o meu antipatismo social dentro de uma festa.


(Trevor começou a pista com meia dúzia de pessoas e nós carregamos umas 30 cabeças que começaram a pular e dançar freneticamente a aquele som olds chool que contagiou a quem passava) 


Um sorriso me abria uma chance de novas experiências e encontrar alguém como eu foi essencial para que todas as outras pessoas tivessem uma importancia nessa aventura que foi o universo paralello.
Ver seus sorrisos, suas danças, suas viagens sem correntes foi lindo !
Eu sou muito grata ao universo por me dar a chance de viver momentos como esse.

E só de ver essa foto, meu sorriso, vejo o quanto valeu apena cada gota do meu suor, cada medo enfrentado...todos os sentimentos ruins ficaram para trás .

Queria que fosse assim, sempre...
Esses momentos me fizeram repensar profundamente na minha vida.
Me sinto um pouco perdida sobre meus ideais e vontades agora, mas acredito que logo encontrarei meu caminho pelo menos para melhorar e me equilibrar um pouco na babilônia.

Queria poder sentir para sempre na fantasia que vivi lá.
Viver leve, com a alma dançando sem ter medo, flutuando em energias positivas e harmonia.

(Galera do Rio curtindo um set Old school de GOA e Psytrance na pista 303 no penúltimo dia de festival)

3 comentários:

  1. muito legal Nanda.
    um texto maravilhoso e acho que um sentimento que esta impossível para explicar :)

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  2. tambem fui sozinho e tirei o maior barato 10 as fotos valeu!!

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  3. A gente se planeja tanto e quando vê, já ta chegando. Minha primeira vez e de todos os sites/ blogs que li.. o seu foi o que eu mais me emocionei, sua experiência foi linda e espero que a minha tambem seja. Positividade, e mais uma vez obrigado por compartilhar :')

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